Uma virada e tanto

Eu não sabia muito que rumo tomar nessa virada de ano, pois a família havia viajado e eu estava precisando de um pouco de paz. Mas, morar perto da praia é uma tentação daquelas praticamente impossíveis de resistir. Mesmo sozinha, já que não quis contactar nenhum amigo e rejeitei todos os convites que me foram ofertados, chamei um táxi e me dirigi para a orla principal da cidade.
Apesar da multidão, a noite estava bem tranquila. Uma brisa morna garantia uma sensação térmica bem agradável. Mesmo próximo do palco não havia tumulto e pude ver os artistas mais de perto e dançar livremente.
Eis que chegou o momento tão esperado. Começaram a contagem regressiva e o show pirotécnico começou. Era a hora de ir ao mar fazer minhas orações ao divino e agradecer pelas dádivas alcançadas no ano que terminava. O mar também é uma boa forma de limpar e renovar as energias.
Foi quando olhei para o lado e me deparei com aquele sorriso lindo. Ainda fiquei na dúvida se era para mim ou para a enorme lua que de longe nos ofertava um lindo reflexo sobre o mar de marolinhas tranquilas.
“Feliz Ano Novo”, ela se aproximou. “Pra você também”, retribuí o sorriso. “Estou te observando já tem um certo tempo. Está realmente sozinha?”, perguntou curiosa. “Sim. Nem pretendia vir, mas a casa ficou grande demais e a solidão não deve ser companhia para uma virada de ano. Concorda?”, retruquei. “Além do mais, não tenho problema em andar sozinha”, encerrei. Ela abriu uma garrafa de champanhe estendeu-me uma taça para brindarmos àquele momento único. Curtimos o resto da virada juntas. Conversamos e dançamos muito até surgirem os primeiros raios de sol do novo ano.
A companhia dela era tão agradável que acabei convidando-a para um café da manhã na minha casa. Seguimos direto da praia.
Enquanto preparava o café completo, ela ficou sentada na mesa da cozinha. Me contava como havia sido abandonada pelo marido na noite de Natal. Por sorte não tiveram filhos, embora esse fosse um desejo particular dela. Com as xícaras de café bem forte brindamos ao nosso encontro e ao que o futuro liberto nos traria.
O cansaço começou a bater lá pelas 9h. Convidei-a para dormir na minha cama e emprestei-lhe uma das minhas camisolas mais bonitas. E nela ficou muito sensual, admito. O tecido levemente transparente com detalhe de renda no busto deixou-a simplesmente magnífica. Os cabelos compridos tom de mel ornavam o quadro com absoluta beleza.
Deitamos e logo pegamos no sono. Ela apagou primeiro. Eu ainda fiquei filmando na memória aquela tela de pura perfeição. “Só um idiota abandona uma mulher como ela em plena noite de Natal”, pensei, sendo logo traída pelo sono.
De repente, comecei a despertar lentamente com uma mão suave acariciando meu corpo. Até pensei que estava sonhando e fui me derretendo ao carinho. Uma boca deliciosa começou a percorrer meu rosto e qual não foi o susto quando ela acertou os meus lábios. Abri os olhos um tanto assustada, e em meio ao beijo soltei um “bom dia pra você também” ao que ela sorriu de volta, sem interromper qualquer movimento.
Não tive muito como raciocinar logicamente e apenas me permiti às carícias dela. Completamente sem vergonha ou amarras, ela percorria meu corpo como se conhecesse cada parte dele e sabendo exatamente como eu gostava de ser tocada. Nossos olhos estavam fixos um no outro. Os beijos eram perenes e de um fervor maravilhoso!
“Hoje é o primeiro dia do ano e quero que seja inesquecível para nós”, ela revelou. “Muitíssimo bem. Tenha certeza de que ele já está sendo”, concordei. Tiramos as camisolas que nos encobriam e pude vê-la por completo. Um corpo bem distribuído, uniforme, consistente, com uma pele alva, suave, delicada.
De frente uma para a outra, entrelaçamos nossas pernas e continuamos a nos beijar. Ela enlaçou seus dedos pelos meus cabelos cacheados e deu uma leve puxada, inclinando minha cabeça para trás. Ela lambia meu pescoço fazendo meu corpo todo arrepiar e eu gemer suave.
Acariciou meus seios tão suave e delicadamente que eles ficavam cada vez mais rijos. E, então, ela os mordiscava e lambia. Fui me deitando novamente com ela sobre mim, descendo seu peso e esfregando seu corpo sobre o meu.
Ela abriu minhas pernas e me tocava na intimidade com tanto carinho que meu corpo começava a tremer. Minha respiração ia ficando cada vez mais ofegante e ela ia explorando cada pedaço meu, me mostrando sensações que eu jamais imaginei sentir.
Quando eu já estava chegando ao ápice, ela desceu sem a menor cerimônia para o meio das minhas pernas e começou a me beijar os lábios e a mordicar meu ponto mais sensível. Não demorei a sentir o orgasmo mais intenso e prolongado da minha vida! Puxei-a para cima e ela beijou a minha boca ainda tendo o melhor gosto de mim. “Não disse que seria inesquecível?”, sorriu.

Eu apenas conseguia devolver-lhe um sorriso solto, meio bobo. Minha boca completamente seca era incapaz de articular qualquer palavra. Não sei se voltarei a vê-la, mas me lembrarei deste réveillon para sempre!

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