Bateu saudade

Esta noite ela chegou sem medo,
tomando conta de tudo,
reavivando sentimentos, remexendo emoções,
fuçando os mais profundos rincões.

Veio sem avisar e me trouxe seu sorriso,
sua voz de rouxinol, sua pele alva,
tudo tão vívido que pensei estar sonhando,
mas logo dei-me conta de estar acordada.

Sim. Bateu saudade.
De ti, de mim, de nós,
dos nós que dávamos em nossos lençóis,
das manhãs que vimos nascer a sós.

Bateu saudade e ela doeu.
Doeu saber que depois do paraíso
toda uma vida virou o breu e
ninguém é capaz de dizer como aconteceu.

Não vou alimentar esse tudo que logo vira nada,
nem despertar aquela que por ti um dia foi apaixonada.
Sabemos que não mais resolve,
então melhor esperar que o sentimento logo dissolve.

Ah, saudade!
Vê se nunca mais desse jeito me invade,
não somos amigas, tampouco comadres.
Pega teu rumo e some no mundo!

Não venha mais com o rosto dela,
nem assanhe mais coisa alguma que me lembre ela.
Deixa no passado o que anda bem guardado.
Eu não preciso saber que ainda penso nela.




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